Brasil
Yanomamis: doenças, desnutrição e invasão de terras
Uma das maiores etnias indígenas do Brasil, os yanomamis estão passando por uma grave crise sanitária, nutricional e de invasão de seus territórios. No dia 20 do mês passado, o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, o que só acontece em casos graves, como na pandemia da Covid-19. Centenas de indígenas, incluindo crianças, enfrentam quadros graves de desnutrição e doenças. Mais de mil foram encaminhados para hospitais. Em menos de dois anos, 570 crianças morreram na Terra Indígena Yanomami, localizada entre os Estados de Roraima e Amazonas.
Especialistas afirmam que a atuação do garimpo ilegal é a principal responsável pela situação. Para dar um exemplo das ações dos garimpeiros*, muitos costumam usar um composto tóxico chamado mercúrio na exploração das terras, o que contamina a água dos rios, o solo e os alimentos. Sem peixes e com o afastamento das caças, os indígenas sofrem com a escassez alimentar.
Paulo Basta, médico e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estuda os yanomamis há cerca de 25 anos e conta que a situação está piorando. “Com a ação de mais de 20 mil garimpeiros na Terra Indígena, a devastação ambiental se amplia. Com isso, a fome e as doenças também avançam”, afirma.
Raio-X dos yanomamis:
Uma das maiores etnias indígenas brasileiras. Estão em cerca de 250 aldeias na Floresta Amazônica. Há quatro subgrupos: sanima, ninam, yanõmami e yanomae.
• Além da caça e da pesca, alimentam-se de vegetais e frutos de suas próprias plantações agrícolas e costumam mudar de lugar conforme a produtividade do solo.
• Acreditam no poder dos espíritos e da natureza em geral, incluindo animais e plantas.
• Os yanomamis vivem em aldeias formadas por casas coletivas denominadas xapono (shabono) ou yano, onde habita mais de um grupo familiar.