Escola
Escola pública concorre a melhor do mundo
Em uma rua tranquila da zona Norte de São Paulo fica um colégio que está dando o que falar nos últimos dias. É a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, uma das finalistas do prêmio World’s Best School de 2024, que escolhe os melhores projetos escolares do mundo. A premiação é oferecida anualmente por uma entidade educacional sediada no Reino Unido, a T4 Education.
A EE. Dep. Pedro Costa, que ensina crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e possui 304 estudantes, está concorrendo na categoria Colaboração da Comunidade com outros nove colégios, que são dos Estados Unidos, Argentina, Peru, Paquistão, Quênia, Suécia e Índia. Nesta última etapa de votação, que vai até o dia 28 de junho, todos podem ajudar. Basta acessar o site https://vote.worldsbestschool.org/public-vote-2024 e votar na escola. Os vencedores de cada categoria receberão um prêmio de 50 mil dólares (cerca de 271 mil reais) e acesso a uma plataforma global de melhores práticas.
Se lá fora é tudo calmo, dentro da escola a animação dos estudantes, professores e funcionários do colégio segue a mil por hora. “Está uma correria por causa da divulgação do prêmio. Quando soube, nem acreditei, achei que era fake news Cresci aqui na comunidade, tive familiares que estudaram aqui. A escola não aparecia nem no mapa quando pedia carro por aplicativo. Agora é conhecida não só no bairro, como no Brasil e também no mundo. Estamos muito felizes”, contou à Qualé, a diretora Janaina Alves Pereira Freire.
XADREZ E ATLETISMO PARA TODOS
Leonardo: professor e aluno dividem o nome e a paixão pelo xadrez (foto: Marcela Ibelli)
Junto com a ONG Parceiros da Educação, a escola, que recentemente virou PEI (Programa de Ensino Integral), desenvolveu vários projetos, entre eles os de xadrez e atletismo. Mais do que ensinar os estudantes as regras de cada esporte, os professores também convidam ex-alunos e familiares para participar de eventos e jogar junto com as crianças, como no Dia da Família.
“Nos dias de chuva, ensinava o xadrez com meus próprios tabuleiros, ou fabricávamos os nossos, usávamos as cadeiras e mesas que não estavam de lado. Mas não paramos, nem na pandemia. Então, percebi que o interesse só aumentava. Hoje temos até uma sala especial para o xadrez”, conta orgulhoso o professor Leonardo Alcântara. “Trabalho o xadrez como movimento educativo, que ajuda na área cognitiva, criativa. Também estimula o estudante a tomar decisões e pensar em estratégias.”
Leonardo, 10 anos, do 5º B, foi um dos que se apaixonou pelo xadrez após o incentivo do professor. “Achava uma atividade boba, só mexia as peças. Agora que entendi que precisa de estratégia e estudar as jogadas, estou melhorando a cada dia”, diz o estudante, que também torce pela escola. “Nós merecemos pelo nosso grande esforço. Dá muito orgulho estudar aqui.”
No começo, o professor Luiz Junqueira também se virava para ensinar atletismo. Ele mesmo fabricou varetas e obstáculos para ensinar as diversas modalidades do esporte. “Trouxe um colchão em cima do meu carro para as crianças poderem praticar o salto com vara em segurança”, lembra. Por isso, hoje ele se sente orgulhoso com a indicação ao prêmio mundial e também com a participação das crianças em campeonatos. “O esporte ensina muito. Não só o atleta a resolver as próprias dificuldades e superar seus limites, como também a calcular as distâncias, vencer o cronômetro”, conta.
Rafaela, 10 anos, do 5ºB, acabou de entrar na escola, mas diz que já está muito empolgada com o grande incentivo à prática de esportes. “Já me sinto confortável aqui. Adoro futebol, natação, atletismo. A atividade física é importante para tudo. Vai desde a escolha de uma boa alimentação e a sair de frente das telas, até a socializar e ainda dá para se divertir bastante. Estou torcendo pela minha nova escola nesse prêmio”, finalizou.
Professor Luiz e Rafaela adoram atletismo e estão empolgados com a indicação ao prêmio (foto: Marcela Ibelli)
OUTROS REPRESENTANTES DO BRASIL
Ao todo, 50 escolas do mundo disputam prêmios em cinco categorias. Além da Escola Municipal Deputado Pedro Costa, outras três brasileiras também seguem como finalistas.
- O Núcleo de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria, de Brasília, Distrito Federal, concorre na categoria Superação de Adversidades. Eles criaram um projeto que aproveita o hip hop para ensinar jovens detentos.
- Já a Escola Professora Maria das Graças Escócio Cerqueira, de Itaituba, no Pará, se destacou com um projeto sobre o meio ambiente. Ensina os estudantes a serem guardiões da Amazônia com técnicas de reflorestamento.
- O Colégio Militar de Manaus, no Amazonas, concorre em Inovação pelo projeto de ensino à distância.