Entrevista
Nas ondas com Tati Weston-Webb
Tatiana Weston-Webb, 28 anos, nasceu em Porto Alegre, mas aos dois meses de idade se mudou para o Havaí. O pai, Douglas Weston-Webb, é um surfista inglês criado na Flórida e sua mãe, Tanira Guimarães, é uma bodyboarder brasileira. O surfe sempre fez parte da vida da atleta, que está super empolgada com os jogos olímpicos. Ela deu entrevista exclusiva para a Qualé.
1 - Acha que se não tivesse crescido no Havaí não teria escolhido o surfe?
O esporte sempre fez parte do lifestyle da minha família. O meu amor pelo surfe começou cedo. Foi uma coisa natural, minha mãe competiu em vários campeonatos de bodyboard profissional e meu pai é surfista, eles e meu irmão iam pro mar e eu ia junto. Cheguei a jogar futebol, mas me apaixonei pelo surfe e não parei mais.
2 - O que lembra da sua infância pegando onda?
Peguei onda com bóias no braço com apenas 2 aninhos, na época com a ajuda do meu pai, e surfei a minha primeira onda sozinha aos 8 anos por influência do meu irmão que já praticava.
3 - Ainda rola preconceito por ser um esporte com mais homens?
O cenário do surfe mudou muito ao longo dos anos. Existem mais mulheres competindo hoje em dia e brilhando. Ainda é um esporte predominado por homens, mas antigamente era pior. Estamos alcançando a igualdade aos poucos. Em 2019, por exemplo, as competições organizadas pela World Surf League (WSL) passaram a ter premiação igual nas categorias feminina e masculina. Isso foi uma grande conquista! Quero continuar a inspirar muitas meninas a entrarem no surfe.
4 - Como está a expectativa para a Olimpíada de Paris?
As expectativas são as melhores possíveis. Estou me preparando bastante para esse momento. Treinando todos os dias e buscando me concentrar. Quero trazer orgulho para a torcida brasileira. Vai ser muito emocionante! Sei que vou encontrar; desafios, mas estou me preparando para o que vier. Me sinto feliz demais e emocionada por fazer parte disso e ainda carregar a bandeira do Brasil comigo.
5 - Quais atletas você admirava quando os via competir pela televisão quando criança?
Cresci assistindo a muitos esportes na televisão, como tênis e ginástica. Uma atleta que eu sempre assistia e admirava era a norte-americana Michelle Kwan de patinação no gelo.
6 - Qual a sensação de representar o Brasil nessa competição tão importante?
É uma honra! Sou muito feliz por ter escolhido representar o Brasil. Me sinto brasileira, nasci aqui, minha mãe é brasileira, meu marido é brasileiro, minha equipe é do Brasil. Tenho recebido muito carinho do público brasileiro também e essas mensagens me motivam ainda mais, meu sonho é conquistar essa medalha inédita para o Brasil. Pode ter certeza que vou dar o melhor de mim para representar bem a nossa bandeira que me enche de orgulho.
7 - Já arrumou as malas? O que não pode faltar na mala de uma surfista?
Como estou em competição pelo circuito mundial e viajando bastante, minhas malas estão sempre prontas. Além do material esportivo, o que não pode faltar é o protetor solar, claro.
8 - Como são os bastidores de uma Olimpíada?
Muito treino, dedicação e concentração. Gosto de estar 100% conectada com a competição e estar preparada. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) tem me ajudado desde a parte de alimentação, saúde e preparação física. Estaremos há mais de 15 mil quilômetros de Paris, ainda não sei muito bem como será, mas a energia de estar competindo numa Olimpíada é única.
9 - O que você deseja em relação às provas? Como seriam os resultados das suas provas dos sonhos?
A competição será em Teahupo'o, no Taiti, com ondas mais difíceis. Acredito que será um nível bem elevado. E estou me preparando para conseguir um bom lugar. Recentemente, competi pela 6ª etapa do circuito mundial e consegui uma nota 10 em uma onda perfeita. Quero manter esses resultados!
10 - Quais os segredos para ser uma campeã das ondas?
Eu acredito que é um misto de tudo. Dedicação, amor e foco nos objetivos. Eu surfo desde muito pequena, amo o que eu faço, me dedico e sempre estou fazendo o meu melhor pelo esporte.
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